O cenário é a contra realidade, é antagônico, o próprio
avesso. É onde o ego sorve a carne, e o que sobra, todo o resto, é apenas
verossímil.
Não há rio sagrado serpenteando vastidões, pois tudo é
estiado. O único mergulho é o da consciência que, aos poucos, soçobra.
Aqui, a ventania traz consigo versos ininteligíveis
sussurrados pela bocarra da tempestade.
E embaralha as grandes dunas deste labiríntico deserto da
memória, não deixando, aos que se enveredam por esses caminhos, lembrar onde o
primeiro passo foi dado.
As cores são perenes e saturadas, e a tinta que pinta o céu,
e a terra, nunca seca.
Há quem diga que se trata de um sonho, alucinação constante.
E aos poucos, a euforia dá lugar ao cansaço.
Mas há sempre o que se celebrar. Portanto, brindemos com o
néctar dos nossos devaneios, osculemos o inimigo, confraternizemos com o juiz,
o mestre de cerimônias e o capataz.
Zoológico da virtude, museu da demência.
Perguntas pairam no ar, as respostas, entretanto, acabaram.
Somente resta o tempo, aqui e no outro mundo onde o novo
alfabeto reescreve a história.
Onde um dia despertaremos.(escrito em 2004)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Idéias. Eu deixo as minhas, você traz as suas.