Teve um dia, que julguei a fé perdida, e tinha o corpo doído
Era um domingo, começo de mês, se não estou esquecido
E a minha vizinha, Dona Raimunda, que diz que é minha tia
Assobiava um samba, enquanto o quintal de terra batida, ela
varria
Era, o samba, do meu tempo de criança, já envelhecido
Mas era ainda um menino, o samba do primeiro domingo
Era um assobio, era uma Raimunda, era de terra batida
Dizendo que quando dói o corpo, é porque se chacoalha a vida
Escrito na rima de alguns versos, do tempo que nunca passa
Porque ainda que homem feito, a idade é só pirraça
Pra que a gente possa contar histórias de coisas que outro
fez
É que as nossas de verdade são sem graça e, aqui, quem manda
é o freguês
Porque, a vida toda, eu vi Raimunda assobiando a mesma nota
E dizendo que é minha tia, sem um dente na boca, ora, é
lorota
É como o burro que na base do açoite sempre arrasta o peso
da carroça
Acreditando que um dia, como o seu proprietário, viverá numa
palhoça
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