Gôndola

5 de abr. de 2016

Amem, amém

busco a mansidão, o dia tranquilo, o amor perene cuja companhia dá sentido ao viver
tento alinhar as idéias ao dia a dia, fugir da ilusão, da expectativa frustrada, de gosto amargo, que me magoa
tento, a todo custo, não me destruir, ser atóxico nos atos e pensamentos, ser o antídoto do meu próprio veneno
em meio a dualidade que rege a insípida existência humana faço o possível para encontrar o caminho do meio e estou pronto, assim penso, para aceitar que o sofrimento compõe esse amálgama que chamamos de vida
admiro sorrisos, liberdade, sonhos, medos e realizações
assim sigo, pronto a preservar seu sagrado mundo em detrimento do meu EU sagrado
não, definitivamente o altruísmo por si só não é sinal de sabedoria
amem, amém


20 de out. de 2015

Coffee

Keep calm and make coffee
E a minha alma estremeceu
Aparentemente sem sentido
Sem motivo plausível
Meu corpo então se rendeu

Fantasmas sem graça
Espectros sem esperteza alguma
Me capturaram
E assim me vi, novamente, refém das sinapses sinuosas dos meus medos
Silenciosos

Keep calm and drink coffee
Luzes douradas
Luzes azuis
Quase nem percebo como longe estou
Que as léguas me permitam me dar a trégua da qual sou merecedor

1 de jun. de 2015

As vozes

Cruzamos vales e montanhas,
na linha do horizonte, tão perto do sol
Construímos nossos fortes,
mantivemos escondida nossa imperfeição

Provamos nossa fé, derramamos nosso sangue
como prova de amor
Um brinde ao pecado, fiel da balança,
caminho entre céu e inferno

Agora onde vou morar?
Quando o céu for escuro demais
E eu estiver sem o brilho do seus olhos
Terei a pele arrancada pela memória

Sempre houve uma razão, eu via o sentido
Mas a alma migra quando chega o inverno
E leva consigo as cores, para proteger
É possível que a vida tenha parado em algum lugar?

Hoje eu vi uma escada em frente a janela do seu quarto
Eu ouço o rádio ligado talvez a sua respiração,
Eu não consigo subir, não posso subir, onde será que eu estou?

Vou me preparar para as horas de silêncio
Porque sei que meu coração vai acelerar
As vozes virão me contar segredos
Não consigo mais dormir

28 de mai. de 2015

Becos e Buracos

Maldição da noite, ruas da cidade viciada
Entre becos e buracos, lixo e entorpecentes, estamos anestesiados
Milhões de almas consumidas e atormentadas
Onde estão os anjos que Deus mandou pra me salvar?


Sinto os seus olhos, são apenas luzes fracas
Que me caçam com vontade, me espreitam
Lampejos e ilusões, disfarçados de sonhos de amor
Mas você morreu, e eu morri também

Seu corpo a cair do céu, com ele lágrimas e rubis
Chuva de sangue alimentando as pragas no meu jardim
Florescem, crescem, isto será vida, e será nosso segredo
Pois temos medo, e uma porção de humanidade,
isto será o caminho, eu digo e posso te mostrar

Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte,
não temeria mal algum, porque tu estás comigo;
a tua vara e o teu cajado me consolam
Eu disse a mim mesmo: Venha. Experimente a alegria.
Descubra as coisas boas da vida!
Mas isso também se revelou inútil


Provei da dor, do céu e do inferno, frio e calor
Encontrei o paraíso na tua pele alva, tua oferta fácil
Em cada átomo, sonho e pensamento, eu nunca dormi
Fui mais forte, enquanto caminhava rumo a insanidade