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Fonte:http://www.loverofsadness.net |
- Por que choras? Perguntei.
- Não sabes? Disse a desconhecida. É por ti. A voz era um misto de pesar e receio. O silêncio foi breve.
- É um excelente começo. Disse eu. Não a conheço e ainda assim....
- Não alongue demais essa conversa – de forma abrupta ela me interrompeu, as palavras entrecortadas. Vim te buscar, disse o anjo.
- Mas...
- Sei que é difícil entender, porém, não é um castigo, não é um acerto de contas.
- Dizem que o fim é inevitável.
- Inexorável, ela me corrigiu.
Eu estava resignado.
- Ou seja, sempre foi agora e aqui. Olhei ao redor, nada de familiar, nada que me fizesse reconfortado.
- Por isso choro, o tempo todo sofro com a tua dor, com o teu medo, com as tuas decepções. É isso que me liga a você, e a partir de agora nada mais nos unirá. Não há nada que se possa fazer para evitar o atroz. O bem e a justiça são como ápices de montanhas, quase inatingíveis, e a maioria de vocês prefere viver às margens da base delas, ao invés de transcender as próprias limitações.
E o chamado libertador aconteceu. Senti a queda, no entanto, como se fosse ao infinito vazio de um único pensamento, no universo paralelo de cada alma livre. Quanto tempo caí, eu não sei.
Foi então que abri os olhos, e me deparei com a escuridão. Minha respiração era quente e úmida. Meu coração batia. O odor característico do medo em minhas narinas.
De fato, talvez eu preferisse não sofrer.....
(O narrador desconhecido. Não recordo data ou período em que foi escrito. Um pouco mais de "Cenas" e quem sabe tenhamos um "Ato".)
(O narrador desconhecido. Não recordo data ou período em que foi escrito. Um pouco mais de "Cenas" e quem sabe tenhamos um "Ato".)
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